RESENHA DA SEMANA

quinta-feira, 31 de março de 2011

Nascidos em 31 de março

Faz dois anos que comecei a escrever um livro sobre o meu modo de ver a ditadura militar. Conheci as duas faces da moeda com intensidade. Na pior fase da ditadura eu era jovem e detestava políticos e militares. Rezava para adiar ao máximo a chegada do dia de me alistar e ter de fazer parte do sistema. Ouvia os comentários sobre os militares, suas truculências, censura e autoritarismo. Nunca fui militante porque também não gostava de política; o que eu mais gostava de fazer era namorar e ir para meus bailes de soul misic no Rio de Janeiro e eu era feliz com meu cabelo black Power imenso que chamava a atenção e por isso eu me dava bem com as mulheres.
Quando chegou a época de alistamento começaram meus sofrimentos e mesmo eu tentando fugir de qualquer jeito, ingressei no Exército. O presidente era João Figueiredo e já estava no período mais calmo da ditadura, já se falava em anistia, aliás já havia acontecido e aqueles que se exilaram estavam de volta gritando por liberdade, diretas já, anistia ampla geral e irrestrita, então os militares decidiram que o país não corria mais o risco de ingressar no comunismo, que estava em queda pelo mundo e isso afastava qualquer possibilidade comunismo no Brasil.
Por ver esses dois lados da moeda me sinto livre para falar sobre esse assunto dando minha opinião de forma isenta.
A ditadura foi um mal necessário que tivemos que aceitar pela imposição do sistema. O Brasil é um país de liberdade e não poderíamos nunca e nem nosso povo queria um comunismo e João Goulart era apaixonado pelo comunismo. Tinha fortes ligações com a China e queria de qualquer maneira trazer para o Brasil o sistema chinês. Pregava a igualdade, o fim de latifúndios e uma divisão social que não interessava a ninguém aqui.
Os jovens da época não viam esse lado. Para a juventude o sonho de igualdade era bem diferente. Não sabiam que seus pais sofreriam, muitos deles ricos perderiam tudo e só os políticos do partido comunista seriam beneficiados. Tinha também a parte boa. A educação seria bem melhor do que temos hoje e a saúde também melhor vista, mas fora isso não teríamos nada do que temos ou somos hoje. Teríamos apenas um canal de televisão e muita coisa que mesmo com a ditadura aconteceu não teria acontecido, mas ninguém quer dar o braço a torcer e não admitem que o que fez com que o Brasil esteja hoje na posição que está, e não está melhor por causa dos políticos que temos, foi o período em que o país ficou sob o governo dos militares, com apenas 16 ministros que não davam dinheiro pra partido nenhum (que saudade) a educação pública era de respeito. As escolas particulares eram para vagabundos que não gostavam de estudar, chamadas de "ppp" papai pagou passou.
Doeu? Bastante, nossa presidente que o diga, mas nem ela estaria onde está hoje se não fosse aquele regime, não ouviríamos "Apesar de Você" de Chico Buarque e muitas outras, não teríamos os festivais de canção que nos presentearam com músicas que ouvimos e gostamos até hoje e muitas outras coisas mais. Então temos muitos dos que criticam, falam mal, mas quando recebem seus salários imensos, andam com seus carros importados e comem caviar, devem agradecer a Deus e à ditadura.
Ninguém fala mais nada da revolução de 31 de março e a data é um dia como outro qualquer, mas foi uma tábua de salvação de nossa gente, por isso parabéns aos nascidos nessa data e lembrem que vocês faz\em parte de uma história que nunca vai ser contada corretamente.

Um comentário:

  1. Meu amigo, magnífico texto. Estou sem palavras. Tenho prazer em conhecê-lo e ser seu amigo. Lendo este texto e sabendo que você foi parte de uma época desta, é muito mais rico o saber... Continue...

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