RESENHA DA SEMANA

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Pais e Filhos

É fato certo os caminhos que temos na vida, serem estabelecidos por certas normas e a evolução é um sistema correto inserido nestas normas. O homem evolui, aprende cada vez mais, descobre coisas novas, através da ciência e através desta ciência, busca se afastar cada vez mais da religião, da fé e da crença no Criador.
A família, hoje, é totalmente diferente da família que era constituída por um pai chefe da família, uma mãe que não tinha voz ou vez e sua maior missão era cuidar bem de toda a família, atendendo os filhos, que geralmente não eram poucos, cuidando do marido e da casa e demonstrando, mesmo que contra a vontade própria que tudo sempre estava bem. Assim as famílias seguiam seus caminhos, os filhos casavam, criavam outras famílias, mas sem se disvincular dos patriarcas e matriarcas, dando a esses os netos, e vinham os bisnetos e um dia os pais iam embora pela velhice ou alguma doença própria dos mais velhos e, pela obra natural dos tempos, descansavam deixando um vazio que não se completava.
Ainda hoje encontramos essas famílias que há cada dois três ou até mesmo mais tempos se reunem para se confraternizarem e demonstrar a união. Principalmente aquelas famílias que vieram de outros continentes e se fixaram em nossas terras e hoje são totalmente brasileiros, mas não se esquecem de suas tradições. A cada encontro a família aumentou ou diminuiu. Nasceu mais alguém ou alguém morreu.
A morte é sempre algo um tanto inexplicavel, embora seja sempre a única coisa certa em nossa vida. Nós fomos criados aprendendo que os mais velhos morrem e os mais novos ficam, então assim a coisa certa de acontecer é perdermos nossos avós, depois os pais e por últimos nós.
A nova família é um tanto diferente em suas características, tendo duas mães, dois pais, apenas o pai, apenas a mãe, pai e madrasta, mãe e padrasto e madrasta e padrasto ou mesmo ninguém, que é a família do eu sozinho, mas em todos estes clãs continua vigorando a lei da sobrevivência e o mais certo é que os mais novos vivem mais que os mais velhos e quando estes vão deixam o mesmo vazio de dor profunda, oriunda de uma convivência e relacionamento que deixaram marcas. Mas quando acontece o contrário e os mais novos, principalmente os filhos ou enteados vão antes a dor é totalmente diferente. Esta não cicatriza. Fica para sempre e acompanha até o dia em que aqueles que acreditam na vida depois da vida vão se reencontrar em outro plano, aqueles cristãos, estarão no céu com os seus novamente e os que não crêem em nada, simplesmente também não sentem nada. Os ateus verdadeiros são privados de sentimentos, por medo que seus sentimentos sejam uma comprovação da existencia de Deus.
Há pouco tempo acompanhei o sofrimento de Ciça Guimarães e sua dor pela perda de seu filho, de maneira tão absurda e que acaba revelando outros absurdos tão imorais, difíceis até de serem comentados. Esta semana, no programa Mais você, na Rede Globo, eu vi Ana Maria dizendo que tentava se por no lugar da Ciça e e ela dizia pra Ana nem tentar fazer isso e isso é a coisa mais certa que devemos fazer. Quem, assim como e Ciça, perdeu um filho, merece o respeito do silêncio e mais nada. Em um período de quatro anos perdi duas filhas a até hoje, mesmo carregado de alegria e bons momentos na vida, quando me ponho a pensar nelas, me falta o chão, a dor é a mesma de quando elas se foram e nada completa o vazio que vai ficar ali para sempre. O trabalho, a fmaília que ficou, os amigos e a dedicação a algo nos faz deixar em um canto do peito, depositada a dor da perda, mas a vida continua e sempre tem alguém que ainda precisa de nós. Por mais sozinhos que sejamos, em algum lugar tem alguém que precisa de um carinho, um silêncio confortante, ou uma palavra que só nós sabemos dar, mas o que todos os que perderam filhos tem em comum, é que o amor continua no mesmo lugar e uma vontade imensa de que tudo se acabe logo e que sejamos levados logo desse mundo ingrato que nos privou de nossos mais importantes tesouros.
À Ciça apenas meu silêncio, de quem sabe o que é a dor de quem já perdeu filhas tão jovens e cheias de sonhos, que não se cumpriram.
Ébano Brasileiro

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